A falta de confiança é um sério problema atual. Ninguém confia em ninguém. Isto se restringia a certos tipos de pessoas, hoje a desconfiança generalizou-se. Porque isto acontece?
Sempre que nosso eixo é abalado a confiança é também.
Se estamos contando com alguém e por motivos desconhecidos e sem explicação, esta pessoa nos falta, saímos do eixo e morre a confiança.
Nosso eixo é montado em cima do nosso código de valores e crenças que não são iguais às do outro. É este eixo que dá sustentação ao comportamento.
“ Fulano é cheio de tric-tric. “ , “Fulano não liga pra nada“.Rotular sem compreender é correr o risco de fazer mau uso. Para confiar é preciso conhecer. Para conhecer é preciso ir ao encontro. Significa desenvolver a empatia. A capacidade de se colocar no lugar do outro. Empatizar, amplia pontos de vista e a capacidade de compreender. Como resultado , a análise das situações é enriquecida e a tomada de decisões mais próxima do equilíbrio. Dizem que “Confiança não se impõe, se adquire” . Algumas coisas, porém, podem dificultar o processo de obter confiança.
1. Transparência de objetivos:
Se os objetivos não são claros para ambas as partes, cria-se um espaço que é preenchido por interpretações do código de valores e das experiências de cada um.
Uma senhora, ao se aproximar o aniversário de seu filho de 3 anos, foi com ele escolher o tema da festa . Conversando com o marido, optaram por uma comemoração mais simples. Iriam com o filho ao playcenter, no dia do aniversário. Não tiveram tempo de comprar o presente e decidiram dá-lo depois.
No dia do aniversário, a mãe foi acordá-lo. “Sabe que dia é hoje? “com os olhinhos brilhando ele respondeu: “É o dia da minha festa?!” a mãe disse que não haveria festa mas iriam ao playcenter .Depois, ele receberia o presente.
Viu morrer em seus olhinhos o brilho, e brotar em seu rosto a decepção e a tristeza. Ele não compreendia porque toda criança tinha uma festa, onde brincava com os amigos, recebia presentes, era o centro de atenções , e ele não podia . Não lhe consultaram sobre o playcenter. Não queria isto para um dia de aniversário.
Ele passou o aniversário na cama, ardendo em febre. Febre emocional . Foi a forma de mostrar que seus valores e crenças sobre aniversário, eram diferentes da dos pais. Aquela atitude, desestabilizou-a. Iniciava-se um processo interno, imperceptível, de desconfiança em relação àqueles pais.
Escutar o outro, checar expectativas, informar o ocorrido, dizer o que sente, é o caminho para manter alinhados os objetivos e reforçar a confiança.
2. Acreditar no outro:
As pessoas dizem “eu acredito em você” mas não mostram isso com ações. Não deixam o outroprovar que pode realizar. Uma adolescente me falou, que a confiança dos seus pais , era “da boca pra fora”. É preciso aprender a delegar e acompanhar, ao invés de delegar e controlar. Controlar é fazer pelo outro. Acompanhar é estar com o outro no momento preciso.
3. Abrir espaço:
Dar espaço para o outro, é se permitir ficar na observação. É desenvolver a capacidade de contemplar, olhar sem julgamento. Exige entrega , passividade, não ação. Quem não consegue ficar parado, e acha que lhes cabe fazer tudo, não sabe contemplar. Precisa parar e silenciar para aprender com o outro. Contemplar, ensina a usar os órgãos dos sentidos e cria espaço para recarregar as energias. Possibilita o crescimento de ambas as partes e reforça os afetos.Amamos e confiamos naqueles que nos ajudam a ser quem somos e não aos que nos reprimem ou tentam nos modelar.
4. Diminuir distâncias:
A falta de contato destrói os vínculos e a confiança. Amores à distância se mantêm vivos, se existir uma permanente comunicação. Confundimos comunicação com passagem de informação. A Informação é via de mão única. Atinge o cérebro, é fria e unilateral. A Comunicação é via de mão dupla. Tem como alvo, o coração, exige interesse de ambos e objetivos comuns. É mais fácil informar que comunicar. Por isso, as pessoas ficam fechadas, remoendo seus medos e comprometendo a confiança. A dificuldade de comunicação,é própria de cada temperamento.
Qual seria a sua?
Vânia portela