Você se presenteia, se recompensa ou se compensa?

Fim de ano, época de presentear. No entanto, fazemos isso o ano todo nos aniversários, nos nascimentos, nos casamentos nos mimos que desejamos fazer aqueles a quem queremos agradar.

Pense agora em você. Quantas vezes este ano se presenteou, se recompensou ou se compensou? Vamos entender a diferença.

Quando você se recompensa, é porque você acha que mereceu alguma coisa e alguém não viu ou não lhe deu. Possivelmente alguém não reconheceu seu esforço, seu trabalho, não lhe elogiou, e você vai e se recompensa, pela raiva, analisando o que passou. Pode ser comprando algo caro que desejava muito, fazendo algo proibido ou dando-se o direito de fugir de algumas responsabilidades ou compromissos. Afinal, pra que? Ninguém lhe reconhece mesmo...

Quando você se compensa é porque alguma coisa lhe foi tirada sem que você o desejasse. Lhe tiraram o prazer e só ficou a dor. Você perdeu o que não queria e aí você enche o prato da balança que está baixo com algo que lhe dá prazer temporário, efêmero, que não preenche o vazio por muito tempo porque o passado não volta e o que não volta não pode ser preenchido. Você tentou compensar sua perda.

Quando você se dá um presente, você acrescenta algo ao seu valor. Pra acrescentar é preciso antes saber o que tem valor em você e o que precisa para lhe dar realce ou lhe complementar fazendo você melhor. É no presente que a gente tem esta consciência do que precisa para se desenvolver e ir mais longe.

Agora há pouco me dei um presente. Eu soube de um curso que me interessou demais e não via a menor possibilidade de fazê-lo porque nem no Brasil era. De repente caiu no meu colo. Fiquei sabendo que seria dado em S.Paulo e não medi esforços. Não iria perder esta oportunidade.

Cresci alguns centímetros intelectualmente, ganhei mais músculos emocionalmente e agreguei muito valor ao meu trabalho. Eu melhorei, desenvolvi porque posso usar. Presente que não uso não é presente é estorvo. Este é eterno, irá comigo onde eu for até o fim da vida.

O melhor presente que podemos nos dar é aquele que nos traz à consciência porque nos ajuda a tomar as rédeas da nossa vida, a vencer nossos medos, a tomar decisões difíceis a enfrentar o dia a dia sem cair diante de cada dificuldade. É aquele que nos ajuda a conviver melhor com a família, no trabalho, a aprender a se relacionar, a não julgar o tempo todo, a melhorar nossa essência. Este nos serve para o presente e para o futuro. Pra nós mesmos e pra quem está à nossa volta.

E você? Já pensou que presente quer se dar neste fim de ano?

Vânia portela



Comemorar o que?!

Está sendo difícil, sim. Muito difícil.

Foram muitas as perdas neste ano. As dificuldades enfrentadas, as decepções, os ajustes que tivemos que fazer para sobreviver, para manter o básico. E a repercussão disso tudo no nosso emocional? O sentimento de impotência diante da vida, da situação que foge do nosso controle e da nossa capacidade de resolver.

Quantas vezes perguntamos: pra que? Investi no estudo, gastei meu tempo, minha saúde, perdi bons momentos da vida me enchi de responsabilidades. Cansei, batalhei, corri atrás, me dediquei, dei tudo de mim e o que restou? A sensação de estar construindo, avançando, conquistando um espaço no mundo, desmorona diante de tantas perdas e nenhum futuro. Onde achar forças pra recomeçar?

Ah, como eu entendo...Já vivi tudo isso. Já perdi tudo e todos da minha família original. Já recomecei diversas vezes do nada. Já desacreditei da vida, já perdi a fé, já estive no topo e no fundo do poço e aprendi como reconstruir.

Primeiro, precisamos “queimar os mortos” se quisermos recomeçar. Deixar para trás o passado, para que não nos contamine, nos culpando, roubando nossa energia, nos adoecendo.

Segundo, a fazer um levantamento material do que ficou. Administrar a provisão, dosar os gastos com o essencial, economizar energia não pensando negativamente; buscar o equilíbrio emocional em conversas com pessoas nutritivas, que nos acrescentem e nos tragam alegria, leveza de vida. Isso nos reabastece e nos renova as forças.

Terceiro, que temos que olhar pra dentro de nós e levantar nosso potencial. O que posso usar do que construí intelectualmente, das minhas experiências, do meu talento para enfrentar a situação? Conhecimento não se perde. Talento a gente descobre. Aprendizado se faz a partir de tudo à nossa volta. A sabedoria está em manter o equilíbrio emocional e mobilidade para aprender novas formas de usar o conhecimento e o talento em um novo lugar e momento

Quarto, que é preciso antes de tudo fé em si mesmo para poder fazer as pazes com Deus. Quando acreditamos na gente, Ele cria novas oportunidades, sinaliza às pessoas certas, com propósitos iguais unindo forças para o recomeço. Aí a gente descobre que Ele nos está preparando para um novo trabalho. Não foi abandono, foi treinamento.

Quinto, constatei que a vida não é linear, nem é uma escada. É uma roda. A roda da vida. Ora estamos em cima ora estamos em baixo e quem gira esta roda são nossos movimentos internos ou os movimentos externos da vida. Quando estamos em cima, devemos poupar, guardar para o momento em que a roda girar e quando acontecer, estaremos mais preparados e sofreremos menos.

Aprendi que comemorar é se dar os parabéns por cada batalha vencida mesmo que não tenhamos ganhado a guerra. A roda irá girar outra vez, fique certo. Se por motivos externos que não podemos controlar, controlemos os internos. Investindo no aprendizado que cada situação nos traz, alimentando nossa autoestima, comemorando cada dia pela nova oportunidade de fazer diferente. E quando a roda girar, é você quem estará na vez, porque não ficou debruçado na queda aproveitou o que viveu para se aprontar para um novo momento. Um novo ano se aproxima e vale a pena sim, comemorar o que aprendemos com o que passamos porque este aprendizado será a base para a construção de um ano melhor!